Observatório Astronómico de Lisboa

Pois é, lá foi o lançamento do Space Shuttle. Correu tudo bem e esperemos que o retorno também corra bem.

Para já não falar das vidas que se perdem, os acidentes de astronáutica atrasam também o progresso da Astronomia, pois boa parte do conhecimento sobre o Universo provem de satélites lançados para o topo da atmosfera.

A propósito, se desejar saber quando pode ver o Space Shuttle ou a Estação Espacial Internacional, vá ao site: www.heavens-above.com

Tanta gente quer protagonismo a todo o custo, mesmo passando por aquilo que não são...

Em Portugal existem demasiadas pessoas que gostam de passar por aquilo que não são... Não sejamos mais uns a fazê-lo. Astronáutica é Astronáutica. Astronomia é Astronomia...

Os cientistas são seres humanos e por isso sofrem do mesmo mal... Ainda que deles se esperasse uma objectividade típica do método científico. Mas a natureza humana é mais forte...

Poder-se-ia pensar que a resposta a esta pergunta é óbvia. Confrontada com esta questão, qualquer pessoa responderia provavelmente que um astrónomo é alguém que estuda as estrelas, ou o Espaço. Contudo, podemos compreender a pertinência desta questão quando consideramos que, em Portugal, as duas seguintes ideias (erradas) vigoram um pouco por todo o lado, até mesmo nos meios mais letrados: 1ª) profissionais de quaisquer áreas científicas, se trabalham em áreas afins ao Espaço, podem ser considerados astrónomos ou astrofísicos; 2ª) tudo o que diz respeito ao Espaço tem a ver com Astronomia.
Na realidade, apesar de vários investigadores trabalharem em áreas de fronteira com a Astronomia, estes não podem ser automaticamente considerados astrónomos ou astrofísicos. A definição científica internacional, séria e rigorosa, é a seguinte: um investigador pode ser considerado astrónomo (ou astrofísico) se publica o seu trabalho de investigação em revistas científicas internacionais especializadas, reconhecidas como sendo revistas de Astronomia e Astrofísica. As mais importantes, onde publicam mais de 90% dos astrofísicos de todo o mundo, são: Astronomy & Astrophysics, Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, Astrophysical Journal, Astronomical Journal, Icarus, Journal of Geophysical Research.
Por outro lado, nem tudo o que diz respeito ao Espaço tem a ver com Astronomia. Por exemplo, durante o desastre do vai-vem Columbia, muitos de nós, astrónomos, fomos assediados pela comunicação social para comentarmos o acontecimento. Pela minha parte, recusei e tive que explicar repetidamente que por ser astrónomo, não tinha que ter conhecimentos de astronáutica, uma disciplina bem diferente, e que essa sim tinha a ver com o desastre do Columbia.
Um astrónomo investiga questões tais como: a formação e evolução das estrelas, se existem outros sistemas planetários como o nosso e com que características, como nasceu o Universo, o que são as explosões de raios gama, como funciona um quasar, qual a estrutura da nossa Galáxia e como se formou, etc, etc.

A Escola de Verão terminou e os professores que nela participaram gostaram muito. Mais do que perceber e digerir na altura a grande quantidade de informação que receberam em três dias, saíram dela com novas perspectivas, com horizontes mais abertos e carregados de material para explorarem por si próprios. É com pessoas assim, entusiasmadas em aprender e com vontade de dar o melhor aos seus estudantes que o País poderá evoluir.

Organizamos na próxima semana a 1ª Escola de Verão de Astronomia para professores do Ensino Básico e Secundário. Mais uma das iniciativas voluntárias que fazemos porque gostamos de servir o público e de beneficiar a comunidade. Apesar de termos pedido apoio financeiro à FCT para apoiar as despesas dos professores participantes, até agora não recebemos qualquer resposta...

Este evento, tal como todas as iniciativas do OAL, tem a chancela do nosso Programa Arquimedes, o programa de iniciativas de formação e divulgação científica do Observatório Astronómico de Lisboa que visa contribuir, com a qualidade e excelência de sempre, para um mundo de cidadãos mais qualificados.

Terminou há dias mais uma edição do curso de Introdução à Astronomia do Observatório Astronómico de Lisboa, para adultos, em horário pós-laboral. A afluência a este curso bateu todas as expectativas. Apesar de termos oferecido este curso já por mais de uma dúzia de vezes ao longo dos últimos anos, a quantidade e qualidade desta turma de particpantes foi impressionante.

A atestar a universalidade da Astronomia, os vinte e um estudantes deste curso tinham idades dos 15 aos 60 anos, e profissões tão variadas como estudante, professor, médico, piloto, engenheiro, jornalista, técnicos administrativos, etc, com grande equilíbrio numérico entre os dois sexos.

Deliciados com este curso, os participantes só lamentavam não haver mais!

Esta atitude pro-activa a favor do conhecimento, da cultura científica, de querer saber mais prova bem que nunca é tarde para aprendermos. Não pude deixar de lhes dar os meus mais encarecidos parabéns por esta atitude e relembrar-lhes que esta atitude de investimento em si próprios, na actividade das suas células cinzentas, terá no mínimo um retorno importantíssimo: a promessa de que se manterão jovens, lúcidos, de espírito jovem, e mente clara e funcional.

Em Portugal, tal como noutros países, a ânsia pelo conhecimento é grande.
Em Portugal, ao contrário de outros países, a oferta de conhecimento é ainda muito reduzida.

Porque será que em Portugal as universidades continuam a não oferecer cursos para adultos e para jovens da 3ª idade...?!

Pois é... Há sempre um início para tudo...
Este blog do Director do Observatório Astronómico de Lisboa tem hoje início.
Por detrás das fachadas impessoais das instituições, existem pessoas que se esforçam por elas, pessoas que se alegram com o progresso conseguido e se preocupam com as dificuldades e retrocessos. Por isso, e para que os aspectos humanos sobressaiam, aqui serão registados factos, acontecimentos, dificuldades, sucessos, alegrias e tristezas, desta instituição que é o Observatório Astronómico de Lisboa. Apresentarei também a forma como os astrónomos vêem as descobertas e avanços científicos que vão tendo lugar no mundo de hoje.

O Observatório Astronómico de Lisboa é uma instituição que tem quase 150 anos. Apesar do serviço público de enorme importância que desempenha, debate-se com dificuldades que vão desde a habitual falta de recursos materiais às intrigas de alguns professores. Felizmente que outros há de grande honestidade e dedicação à comunidade. É que o Observatório Astronómico de Lisboa é hoje parte da Universidade de Lisboa, mais concretamente da sua Faculdade de Ciências, e o mundo universitário está longe de ser o mundo de pessoas esclarecidas e cultas que se supõe dever ser...



A sonda Deep Impact cumpriu a sua missão. É de facto impressionante conseguir manobrar estes engemhos com tamanha precisão a esta enorme distância... E com o mundo todo a ver! Não há dúvida que a Astronomia desperta o interesse de milhões...